Ruas, praças e amores
Pelas calçadas muitas cores
Um bom caminho para todos
Passa o cachorro, o neném.
A mamãe, o trem.
A ciclista colorida
pedala distraída
Escolha uma praça
Curta sua graça
O presente é agora
Nos dias nublados
Chore sem ser incomodado
Suba sete degraus na Santos Andrade
Sente e deixe as lágrimas rolarem.
Aquela escadaria sabe da vida
Escutou muitos segredos
Acolheu e debulhou
Aquilo que restou
De um amor que acabou
Talvez já estivesse lá
O tempo prensado nos degraus
Na solidão dos caminhos
Chorei minhas lutas
Confessei meus fracassos
Chorava por mim
Pelos mendigos da praça
E toda sorte de-graça
Estava bem fundo
Longe na minha viagem
De súbito escutei;
Mariana tu não me ama?
Clarice meu amor é assim!
Por que não disse antes?
Porque antes já passou!
Agora quem ti ama
Me deixou.
Mas Clarice...
Não me virei para olhar
Era tudo tão íntimo
Chorei tanto
Quase perdi a hora
Resolvi olhar para trás
A garota descia as escadas
O cabelo chanel revelava
A nuca de um rosto
que jamais vi
Ficou comigo
A única peça, daquele
Quebra-cabeça.
Enxuguei as lágrimas.
Como sempre ninguém viu
Desci as escadas
Atravessei a praça
Continuo on the road...
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