Caminhava pelas Ruas de Ramallah na Cisjordânia na manhã do dia 24 de Dezembro. A única referência do Natal naquela cidade era uma imensa árvore de natal localizada numa zona comercial. Encontrar turistas era algo muito raro, porém naquele dia por sorte ou destino encontrei uma jovem Italiana num restaurante. Nossos traços ocidentais serviram como cartão de visita em meio àquelas pessoas de origem e cultura islâmica.Um convite para se achegar e puxar uma conversa.
Foi na sacada do restaurante que conversei com ela sobre meu projeto e escutei sobre os dela. O meu, muitos sabem, era captar imagens e depoimentos para um documentário. Enquanto o dela, mais direto, consistia em dar aula para escolas primárias. Era sua especialidade lidar com crianças, porém estar ali era um desafio totalmente novo e surpreendente conforme me fora relatado. Lembro que comi peixe. O prato estava lindo. Explicava para ela que na Amazônia existe uma infinidade de peixes e sabores ímpares.
Todos os dias para um ocidental é extraordinário. Tudo ao contrário. Nem tudo em inglês. Nada de alfabeto romano. Porém aquele dia foi ainda mais, acredite. Depois de comer e me despedir da italiana, caminhei pelas ruas do centro. Fiquei impressionado com a pujança do comércio local. Descobri que a cidade fora fundada pelos primeiros cristãos que ali se estabeleceram há milênios.
Cruzava uma das praças quando um jovem passou por mim e disse “Basilê-lo”. Achei estranho, pois sei que em todos os grandes centros do mundo ninguém te aborda só porque você é bonito(a). O rapaz ofereceu-me óculos escuros. Sorri, disse “Shucran” e segui por uma rua movimentada.
Cruzava uma das praças quando um jovem passou por mim e disse “Basilê-lo”. Achei estranho, pois sei que em todos os grandes centros do mundo ninguém te aborda só porque você é bonito(a). O rapaz ofereceu-me óculos escuros. Sorri, disse “Shucran” e segui por uma rua movimentada.
Mais na frente o jovem me parou e disse com um sotaque bem forte. “Eu sou gaúcho. Meu pai vive lá. Eu nasci no Sul”. Bom havia ali uma certa familiaridade. Falar português com um árabe nascido do Rio Grande Sul foi bem legal. De algum modo, no meio daquelas ruas lotadas percebeu. "esse é basilê-lo". Enquanto caminhava, o rapaz me seguia. Contou a sua história e revelou que desejava muito voltar ao Brasil para estudar. Dizia ser “Basilê-lo de coração”. Suas lembranças eram repletas de sentimentos e saudade. Havia certa ternura naquelas lembranças.
Caminhei por horas e horas antes de encontrar a brasileira de origem palestina para junto seguirmos uma viagem até Bethlehem. Ainda havia algumas incertezas quanto a ir ou não ir.
Ainda naquele dia, horas antes fui sozinho para Jerusalém depois do almoço. Procurava por igrejas cristãs, como jornalista e viajante do tempo e espaço, não poderia ignorar o fato de estar no dia 24 de Dezembro em Jerusalém 2014.
No caminho desde Ramallah até a estação próxima ao Portão de Damasco pude ver algumas decorações. Casas nitidamente celebrando o natal por detrás daquelas pedras brancas. Eu não era o Lawrence da Arábias mas me sentia assim, imerso naquela cultura tão diferente do ocidente. Ao desembarcar em Jerusalém oriental decidi caminhar até o portão de Jaffa e dali seguir caminhando por mais algumas horas. Até encontrei. Alguns lugares que me pareceram tão suntuosos que jamais pensei estar ali - me encontrar por entre pedras ainda mais antigas e pisadas do que aquelas da capital do antigo Império Inca. inalcançáveis, porém, por algum motivo ou mistério... - eu estive lá!
As estações de radio especulavam, eram rumores de neve. Descobri isso e mais apenas com um cigarro. Um homem num ponto de taxi pediu isqueiro. naquele instante, com aquele papo de "Tá frio né?" O taxistas logo falow "Snow - Snow" apontando para o radio. Assim entendi. Rumores de Neve.
O frio apertava e minha mente circulava por entre meus familiares e amigos. Pensava na distância, queria compartilhar aquele momento com alguém. Mas eu estava como de costume sozinho da silva.
Por entre algumas ruas eu senti uma tensão no ar. Pessoas caminhavam cada vez mais rápido. Algumas coisas não se explicam você apenas sente e reage. Decidi que após uma longa volta aquele passeio por Jerusalém poderia terminar.
O frio apertava e minha mente circulava por entre meus familiares e amigos. Pensava na distância, queria compartilhar aquele momento com alguém. Mas eu estava como de costume sozinho da silva.
Por entre algumas ruas eu senti uma tensão no ar. Pessoas caminhavam cada vez mais rápido. Algumas coisas não se explicam você apenas sente e reage. Decidi que após uma longa volta aquele passeio por Jerusalém poderia terminar.
Antes, porém, resolvi sentar em um banco no alto de uma ladeira de onde era possível ver ás ruínas do antigo templo de Salomão. Ficar por horas exposto a um temperatura próxima de zero cansa os mais fracos. E incomoda até mesmo os mais fortes.
Algumas famílias de turistas circulavam de mãos dadas e sorridentes!
A despeito daquele clima familiar alguma coisa no ar que me deixava inquieto. Mesmo contudo, procurei ficar quieto ali. Tirei um cigarro da minha mochila e comecei a fumar um, dois, três cigarros. Todos bem devagar. De repente um homem apareceu no topo da ladeira. Fitava as paredes, o céu e os cachorros. Olhava para todos os lados. Parecia ser um turista. Foi se aproximando e muito calmamente perguntou. “Hi - do you speak english?” respondi que sim e começamos a conversar. Seu nome era Avraham, um Holandês de origem judaica. Parecia ter uns 50 anos. Me disse que estava procurando por uma igreja. Também queria ver uma celebração em Jerusalém.
Algumas famílias de turistas circulavam de mãos dadas e sorridentes!
A despeito daquele clima familiar alguma coisa no ar que me deixava inquieto. Mesmo contudo, procurei ficar quieto ali. Tirei um cigarro da minha mochila e comecei a fumar um, dois, três cigarros. Todos bem devagar. De repente um homem apareceu no topo da ladeira. Fitava as paredes, o céu e os cachorros. Olhava para todos os lados. Parecia ser um turista. Foi se aproximando e muito calmamente perguntou. “Hi - do you speak english?” respondi que sim e começamos a conversar. Seu nome era Avraham, um Holandês de origem judaica. Parecia ter uns 50 anos. Me disse que estava procurando por uma igreja. Também queria ver uma celebração em Jerusalém.
Muito engraçado como aquele homem também estava com a mesma sensação que eu naquele momento. Ele dizia que estava se sentindo estranho. Que havia viajado por todo mundo. Aquela era sua segunda vez em Israel – dessa vez, voltou sozinho após se divorciar da mulher.
O homem me relatava que não se sentia seguro. Embora as ruas fossem todas muito bem patrulhadas pelas forças de segurança.
Conversa vai, conversa vem. A Amazônia entrou em pauta e para minha surpresa o homem disse que conheceu um “curandeiro” em Amsterdã que vendia um chá alucinógeno cujo nome é Ayahuasca. Achei tudo aquilo muito mágico e por alguns minutos até me distrai com o contexto. Mas os cigarros acabaram e ainda naquela noite eu deveria voltar para Ramallah.
Avraham, o holandês , seguiu apressado para o hotel refazendo o caminho de volta atentamente.
Novamente em Ramallah. O véu da noite era mais pesado e escuro daquele lado do muro.
Quando finalmente cheguei encontrei meu contato brasileiro. Muito animado queria ir atéBethlehem. Era tarde, quase dez da noite. Mesmo assim, após insistir deixamos a casa no meio das colinas e fomos atrás de transporte. Fui informado que havia dezenas de vans fazendo a rota Ramallah – Bethlehem. Mas não havia taxi nas ruas. Estava muito frio e não tinha carros disponíveis na rua. Foi uma carona que nos salvou.
Conversa vai, conversa vem. A Amazônia entrou em pauta e para minha surpresa o homem disse que conheceu um “curandeiro” em Amsterdã que vendia um chá alucinógeno cujo nome é Ayahuasca. Achei tudo aquilo muito mágico e por alguns minutos até me distrai com o contexto. Mas os cigarros acabaram e ainda naquela noite eu deveria voltar para Ramallah.
Novamente em Ramallah. O véu da noite era mais pesado e escuro daquele lado do muro.
Quando finalmente cheguei encontrei meu contato brasileiro. Muito animado queria ir atéBethlehem. Era tarde, quase dez da noite. Mesmo assim, após insistir deixamos a casa no meio das colinas e fomos atrás de transporte. Fui informado que havia dezenas de vans fazendo a rota Ramallah – Bethlehem. Mas não havia taxi nas ruas. Estava muito frio e não tinha carros disponíveis na rua. Foi uma carona que nos salvou.
Tudo a meia luz. Entrei naquele carro e tudo era sombra. Mas logo que o motorista soube que éramos brasileiros começou a sorrir e ser mais simpático. Com um inglês carregado ele tentou nos fazer rir contando algumas piadas religiosas. Nada de mau gosto, apenas umas piadas bobas. Chegamos no centro de Ramallah e procuramos por uma van. O próprio motorista se encarregou de arrumar uma van. Entramos e imediatamente seguimos para Bethlehem.
O caminho até a cidade onde segundo a tradição nasceu Jesus é tortuoso e repleto de curvas acentuadas. A cidade está localizada a mais de 700 metros acima do nível do mar. A força daquela van me impressionava em cada curva. Fui orientado a tirar um cochilo. Mas era impossível. O cansaço não era maior que a vontade de olhar pela janela. Quando chegamos na cidade de Bethlehem me dei conta que era uma cidade árabe. Algumas luzes e enfeites para turistas ver, nada mais. Tentamos nos aproximar da Igreja da Natividade. Senti no ar aquele clima dos grandes eventos.
Nosso trajeto só foi interrompido quando uma comitiva de carros pretos passou com as sirenes ligadas. Eu estava em uma lanchonete comendo um falafel e notei uns rapazes apontando e dizendo ; “Abu Mazen – Abu Mazen”. Copiei a mensagem. Claro que era a comitiva de Mahmoud Abbas.
Nosso trajeto só foi interrompido quando uma comitiva de carros pretos passou com as sirenes ligadas. Eu estava em uma lanchonete comendo um falafel e notei uns rapazes apontando e dizendo ; “Abu Mazen – Abu Mazen”. Copiei a mensagem. Claro que era a comitiva de Mahmoud Abbas.
Com a barriga cheia subi mais algumas ladeiras até chegar à praça reservada aos turistas e jornalistas. Alguns turistas estrangeiros. Poucos. Acho que a maioria estava dentro da igreja onde eu não tinha autorização para entrar. Mas com uma lente de 300mm conseguia observar cenas e momentos distantes. A população de Bethlehem é composta tipicamente por homens árabes, baixos e franzinos. Todos com os cabelos pretos cortados bem curto. Nenhum ao meu redor, fora os estrangeiros, parecia se importar com o que o padre dizia do lado de dentro da igreja. A multidão acompanhava tudo através de um telão instalado especialmente com essa finalidade.
Ficamos por ali um tempo. Encontrei o correspondente da Rede Globo em Jerusalém quando ele se preparava para uma chamada aovivo. Troquei uma ideia com ele. Em seguida o desejei bom trabalho e prossegui. Continuei a circular pelo local observando tudo e todos. E claro, sendo observado também.
Naquele lugar só havia euforia nada de celebração religiosa. Muitos doces, chás e cigarros.
De repente tudo terminou e as pessoas começaram a sair apressadas. As sirenes ligaram novamente. Aquele estrondo de motores acelerando. Guardas, apitos.
– Lá vem a comitiva! Uma atrás da outra. Autoridades que estavam na Igreja da Natividade começavam a passar apressadas. Depois que todos passaram - continuamos à procurar um hotel vago. Falamos com taxistas e nenhum sabia onde poderia haver um hotel com quarto vago.
Estavam todos lotados. Ficamos por ali sem saber. Alguns taxistas jovens vinham e voltavam. Sussurravam algumas palavras árabes entre si e seguiam especulando bem próximo, de modo que dava para compreender, muita coisa, entende? ...
De repente tudo terminou e as pessoas começaram a sair apressadas. As sirenes ligaram novamente. Aquele estrondo de motores acelerando. Guardas, apitos.
– Lá vem a comitiva! Uma atrás da outra. Autoridades que estavam na Igreja da Natividade começavam a passar apressadas. Depois que todos passaram - continuamos à procurar um hotel vago. Falamos com taxistas e nenhum sabia onde poderia haver um hotel com quarto vago.
Estavam todos lotados. Ficamos por ali sem saber. Alguns taxistas jovens vinham e voltavam. Sussurravam algumas palavras árabes entre si e seguiam especulando bem próximo, de modo que dava para compreender, muita coisa, entende? ...
Um deles ofereceu a própria casa por uma quantia de $ 150 Shekels. Mas não aceitamos, agradecemos e ainda sem saber o que fazer ficamos por ali. Até que meu contato árabe lembrou de um amigo que vivia em uma cidade próxima. Acontece que para chegar até essa cidade teríamos que passar por uma estrada controlada pelas Forças de Segurança de Israel. Sem escolhas informamos a um taxistas das condições. O rapaz deu um pulo e mudou a expressão rapidamente para um semblante carregado e preocupado. Demorei um pouco até entender direito o que aconteceu.
Minutos depois, ainda por ali quase a ponto de me atirar nas calçadas para dormir ao léu – bem como Jesus dormiu um dia. de súbito um taxistas entre aqueles que não saiam do telefone nos disse que topava fazer a viagem por $ 200 Shekels. O valor parecia um absurdo. O rapaz disse que iria pegar um amigo e então seguir conosco. Seu amigo falava um pouco de inglês e nos explicou que para eles era muito perigoso transitar por ruas controladas por Israel tarde da noite. Mesmo assim aceitou e foi. No caminho nenhum incidente. A estrada estava totalmente vazia. E vale ressaltar que estavam em perfeito estado de conservação.
A viagem começou assim que o taxista pegou seu amigo na beira de uma estrada. (Eu saquei tudo) [mas essas e outras só num livro]. Foi a primeira vez que eu vi árabes ligando o som do carro e cantando uma música alegremente. Eles se vestiam como ocidentais. Usavam roupas de marcas, tinham gel no cabelo e pareciam mais liberais à julgar pela aparência. Liberais ao ponto de taxar a corrida que custa em média $ 50 Shekels por $ 200. Dirigimos por volta de uma hora e paramos em um lugar. Dali ligamos para o contato na cidade próxima. Foram longos 10 minutos até que tivéssemos alguma resposta. Um homem atendeu ao telefone e foi rapidamente ao nosso encontro dirigindo uma Mercedes Benz novinha.
Dali em diante eu fui vencido pelo cansaço. Não conseguia olhar pela janela. Estava inebriado, grogue de sono. Chegamos à casa do homem e para minha surpresa havia crianças brincando na sala, um lugar muito aprazível e aconchegante. Lá havia um homem de Manaus – descendente de árabe que estava de passagem e fazia uma visita ao nosso contato bem na hora que ligamos. Foram mais uma hora de conversa. Tentei explicar que estava cansado e com muito sono. Mas eles só conseguiam me oferecer mais e mais chás, doces, e cigarros. Eles me foram deveras receptivos e generosos.
São todos muito atenciosos. Quase uma hora depois, por volta das três horas da madrugada fui direcionado à um quarto. Lá finalmente me deitei na cama quente e confortável. Com o sinal de wi-fi consegui mandar umas mensagens para o Brasil. Família, amigos e quem mais estava comigo em pensamentos. Na minha mente muitas histórias. Um dia muito longo que seguirá comigo por toda vida. No outro dia quando o sol nasceu fui levado até o um ponto da cidade onde era possível ver meus olhos cheio de vida o Mar Morto.
[Nota] ** Esses relatos são ainda contidos na tua totalidade por conta de um cisma surgido entre mim e a produtora executiva do projeto que é de origem árabe. Em breve poderei escrever tudo. Este é um relato superficial das minhas experiências!
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